7 de outubro de 2009

“PUNK NOT DEAD”



Para Shakespeare, punk significava prostituta. Mais tarde, no inglês culto, virou sinônimo de miserável. E hoje, o que é punk?


história do movimento punk é tão contraditória quanto seus ideais e pontos de vista dentro do próprio movimento.

A versão mais aceita e conhecida é de que o movimento nasceu na Inglaterra em meados dos anos 60, no auge de uma das maiores crises econômicas que a Europa e principalmente a Inglaterra (acostumada a ser o pólo comercial da Europa) já havia enfrentado. Com as demissões em massa, a revolução industrial começava a mostrar seu lado frio e impiedoso. A selvageria do capitalismo era finalmente conhecida.

Os funcionários demitidos, sem nenhuma perspectiva de arrumar outro emprego, acharam uma forma de protesto “silenciosa” contra a industrialização (silenciosa, claro, até começar o movimento musical punk). Eles não concordavam com o ideal hippie; sua “luta” era contra a selvageria do sistema em que estavam. Suas roupas eram rasgadas pelo constante uso e seu visual tinha a intenção de chocar a conservadora sociedade inglesa da época. O protesto silencioso e sues adeptos foram apelidados, pelos jornalistas britânicos, de punk. Eram “os miseráveis contra a industrialização burguesa”.
Ramones

Quase simultaneamente, do outro lado do Atlântico, o movimento punk chegava ao continente americano, no início dos anos 70. Nos Estados Unidos, nas cidades mais caóticas (Nova York, Chicago, Detroit...), o movimento punk nascia, mas não sob o mesmo contexto de sua contraparte inglesa. A sociedade americana era, e ainda é, tão conservadora quanto à inglesa, da qual descende, mas seus motivos eram outros. Os punks americanos lutavam pela liberdade de expressão (que nunca existiu realmente no país), pela paz e pelo fim do racismo, dentre outras bandeiras próprias.

Graças ao regime militar, o movimento punk no Brasil é tardio. Só aparece por volta dos anos 80, já no fim da ditadura. Aqui, o fenômeno teve um outro rumo; se tornou mais uma das vozes contra o governo, há 24 anos no poder. Algumas coisas se mantinham do punk estadunidense, como a luta pela paz e pela liberdade de expressão.

Todos os três movimentos que, apesar de receberem mesmo nome, tinham “ideais” diferentes, partiam do mesmo princípio: o Anarquismo. Apesar do que se conhece como anarquia, o anarquismo prega uma estrutura social sem representantes, ou seja, sem governo ou autoridade. Promove a paz e a responsabilidade mútua. Todos os cidadãos são responsáveis pelos seus atos e o crescimento do “estado”, país. O anarquismo ganhou os sentidos de desordem, confusão, desmoralização, quando se tentou imaginar esta estrutura social em vigor, levando em consideração a sociedade já viciada em sua ambição e egoísmo. Estes conceitos ganharam ainda mais força quando os punks começaram a fazer uma espécie de distribuição de renda forçada. Era comum punks assaltarem pessoas e lojas para se manterem.
Sex Pistols

Hoje, o movimento tem outra atuação na sociedade. Um pouco mais aceito pela sociedade, o punk banalizou-se. Perdeu força, não é mais aquela voz estúpida e chocante com alguma influência. Hoje, poucos dos que se dizem punks sabem o que é anarquismo ou como interpretar a teoria anarquista. A música punk não tem mais a crítica social e as que têm, acabam caindo na banalidade, na mesmice, na falta de originalidade.

"Punk Not Dead". Isto é um fato, o movimento punk nunca vai morrer. É o auge da rebeldia adolescente. O movimento punk, romantizado por seus ideais igualitários, atende a todos os anseios da juventude até mesmo nas contradições, comuns tanto nos jovens quanto nos ideais punks. Mas onde este movimento vai parar? Pelo que vai lutar? Cairá na banalidade? Seria cômico se não fosse trágico, mas eu vejo o movimento punk como uma grande ONG, uma organização que faz muito estardalhaço, mas cuja ação não chega a metade do que anuncia.

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