30 de dezembro de 2009

Para uma ilusão




Nunca serei do seu jeito
Muito menos de seu agrado
Não mentirei pra mim mesma
Para viver em seu solo sagrado.

À distância me tormenta
Mais do que já cheguei a revelar
Não a mais terapeutas nem remédios
Que me façam aqui ficar.

Meu corpo continuará parado
Mas minha mente pra longe voa
Voa pra longe de ti
Que sem mim, vives a toa.

Chorarei meu pranto pra vida
Pois a morte não mais me aceita
Já fugi para viver junto dela
Mas sem coragem a deixei sozinha.

Enquanto viver por aqui
Escreverei um livro com
[milhares de sonetos
Pra dizer que não sou culpada
Antes assim do que marginal,
Viciada e revoltada.
Vivo por mim...
Uma menor abandonada.

Se tivesse poder sobre o mundo



Se tivesse poder sobre o mundo
Excluiria a dama e o vagabundo
Viveríamos todos em paz
Todos iguais.

Se tivesse poder sobre o mundo
Acabaria com todas as guerras
Seriamos libertos de todos os medos
Crianças, sem desespero.

Se tivesse poder sobre o mundo
Seria tudo o que Jesus não foi
Livraria todos os inocentes das ruas
Os daria o gozo de viver.

Se tivesse poder sobre mundo
Acabaria com todo o preconceito
Do branco, do preto
Do travesti, do viado
Do americano pro missionário.

Se tivesse poder sobre o mundo
Destruiria toda a mentira que criaram
Faria dos pensadores, relicários
Dos bons homens, respeitados.

Se tivesse poder sobre o mundo
Incluiria a vida do mendigo a do empresário
Mostraria para o mundo
Que ninguém merece ser desprezado
Nenhum ser humano
É somente mais um otário.


22 de dezembro de 2009

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Tudo o que vocês sempre quiseram perguntar e nunca puderam! =)

21 de dezembro de 2009

Uma Pila


Ela levantou-se pela manhã, no horário de sempre, não que tinha algo a fazer, só gostava de ver o sol nascendo pela longa janela de seu quarto. Passou os olhos pelo quarto e viu sua cama posicionada em frente à TV não gostava daquilo...  Caminhou pela casa com passos lentos e mórbidos, estava de saco cheio pra tudo aquilo, família, amigos... Trabalho...  Pessoas, daquele dias tediosos e normais, o que era mais horroroso era a normalidade das coisas, dos fatos. Tirou o pijama leve, de cores claras e entrou no banho, aproveitando cada gota de água que caia em seu magro corpo nu.
            Trocou-se vagarosamente, vestindo cada peça de roupa – agora escura – como se fosse a ultima vez que colocaria pano sobre seu corpo.  Ao sair do apartamento reparou nos toques de antiguidade, vitrola, lp’s, livros raros e antigos, exemplares de Machado de Assis, Carlos Drummont... Obras que valiam muito para qualquer alfarrabista por aí. Despediu-se do apartamento com um sorriso vago no rosto, sua vizinha, Dona Madalena, a viu e perguntou se estava tudo bem, com toda a falsa alegria que alguém poderia sentir disse que sim, remoendo-se por dentro.  Colocou como de costume, a chave debaixo do tapete escrito “bem vindo”.
            Morava no 11º andar de um edifício, tinha um pânico mortal de elevador, sempre ia por escadas, aquelas estreitas escadas... Começou a descer elas com muito cuidado, calculando o momento, aquele momento. Segurando no corrimão, chegou à garagem, subsolo, avistou de longe seu carro, caminhou até lá, ombros caídos, olhar de miséria... Entrou no carro.
            Dirigiu até o Parque Villa Lobos, entrou em uma banca de jornal e comprou o novo exemplar da Folha De São Paulo – como fazia diariamente – despediu do jornaleiro, olhar de lunático, grandes óculos, rosto magro.  Na frente havia uma lanchonete, vazia. Entrou, sentou-se e pediu seu típico suco de laranja com pão de queijo, não gostava de Fast Food – Encurta a vida, pensava – Mas isso agora não era problema, iria acabar com isso mais tarde. Hoje.
            Saiu da lanchonete, sem dar adeus ao homem que estava atrás do balcão, foi para seu trabalho em um escritório de advocacia, era a personagem principal daquele horroroso enredo. Sem cumprimentar seus colegas de trabalho foi para sua sala.
            Naquele dia ninguém aparecera, mas foi completamente útil para terminar de ler seu exemplar de The Catcher In The Rye de J. D. Salinger, uma literatura que a deixou completamente alucinada. Juntamente com os goles de café que tomava, ia saboreando cada capitulo da história de Holden Morrissey Caulfield. Eram 4:30 quando terminou seu período, sua decisão estava mais que planejada a tempos, não mudaria. Olhou em volta de sua ampla sala, aonde havia uma estante de madeira, com apostilas, arquivos, retratos de sua família e a mostra de sua luxuria.
            Dessa vez decidiu deixar o carro, atravessou a rua, viu uma placa grande e luminosa escrita “drogaria” entrou, foi até o balcão, olhou nos olhos fundos da moça do caixa, loira, alegre, aspecto de maioridade. Perguntou se ela tinha lâminas tipo gilete, ela mexeu a cabeça afirmando, perguntou quanto, ela disse que 1 pila, pediu 2, deu 5 pilas, saiu sem pegar o troco e nem se despedir.
            Perto da farmácia havia banheiros públicos, achou repugnante. Perfeito!
            Tirou uma das lâminas do bolso, ficou a observando por alguns instantes, ainda embalada pelo papel de proteção – como se ela quisesse proteção – pensou que tudo poderia ser diferente, mas não era, tinha que aceitar sua realidade paralela, sua mente perplexa. Entrou em um dos boxes do banheiro.
            Ela tirou a blusa de lã branca, enrolou em seu braço – já cicatrizado – tirou a proteção da lâmina, tocou-a em seu dedo indicador, estava afiada. Boa! Sangrou um pouco, foi o inicio daquele maldito ato. Segurou a lâmina com a mão esquerda, mordeu um lado da blusa e soltou uma lagrima fria, fechou os olhos, apertou as pálpebras com força e tocou a lâmina em seu braço, arrastou-a até o inicio do antebraço, sangrou, o sangue invadiu os lados, foi o só o primeiro, difícil talvez. Abriu os olhos e viu o sangue que escorrera ao chão, criou mais coragem e continuou o mesmo ritual, apertando as pálpebras, mordendo a blusa e cortando... Cortando... Cortando...
            Quando abriu os olhos novamente estava deitada no chão do banheiro com sangue negro em sua volta e a lâmina nas mãos sujas. O braço em estado terminal, com cortes visivelmente provocados por ela mesma. Levantou-se do chão, saiu do boxe com a sua bolsa, Foi até o lavatório publico e lavou o braço e as mãos, água gelada de uma madrugada fria.
            Sentia-se bem, aliviada, olhando no relógio eram 3 da manhã, nada de anormal. Jogou a lâmina já usada no lixo, a outra, guardou para uma próxima vez. Saiu do banheiro, atravessou a rua escura, entrou no carro, seguiu para sua casa. Aonde teria uma longa noite de sono. Amanheceria e o dia seria igual a todos os outros...
            Só mudaria seu próximo exemplar literário.

                                                                                              Carolina Moreira



Muuuuito fodonas essas fotos, tirei na sé, com câmera nooova :)

15 de dezembro de 2009

Uma alma perdida


Em homenagem
A todos a família... Que nem sempre é muita coisa...
Em especial F. Albarelli.




Apesar de tudo que um dia eu quis ser
De toda a barbaridade que eu optei o fazer
De toda minha vontade de logo crescer
De querer muito mais do que me entender

Às vezes faltam palavras para descrever o que sinto
Às vezes falta fôlego para desmembrar esse semblante do meu ego
Às vezes me dá raiva de sempre gritar em silêncio
No meu silêncio, tão oculto quando meu amor.

A contar com a família...
Principalmente com irmãos
Que correm comigo em suas mãos
Que vivem fugindo na contra mão.

Choro quando ninguém está por perto
Meu grito de dor, é maior que meu ego
Meu rosto fica pálido e sem vida
Minhas mãos tremulas...

Só tentei expressar
Que meu amor é tão grande
A ponto que ninguém poderá mais o tanto que amar
De que se for preciso novamente
Voltarei para ajudar...
Para reivindicar
E para dizer principalmente
Que sempre estarei a lhe amar.

14 de dezembro de 2009

Holden

"Se querem ouvir o que aconteceu, a primeira coisa que vão querer saber é onde nasci, como passei a porcaria da minha infância, o que meus pais faziam antes que eu nascesse, e toda essa lenga- lenga tipo David Copperfield. (...) Vou começar a contar o dia em que saí do Internato Pencey. Já devem ter ouvido falar nele, ou pelo menos visto os anúncios. Eles fazem propaganda em mais de mil revistas, mostrando sempre um sujeito bacana, a cavalo, saltando uma cerca. Parece até que lá no Pencey a gente passava o tempo todo jogando polo. Pois nunca vi um cavalo por lá, nem mesmo pra amostra".

"Sou o maior mentiroso do mundo. É bárbaro. Se vou até a esquina comprar uma revista e alguém me pergunta onde que estou indo, sou capaz de dizer que vou a uma ópera".


" (...) achei que ia pegar uma pneumonia e morrer. Fiquei imaginando milhões de chatos indo ao meu enterro e tudo. Meu avô de Detroit, aquele que fica lendo alto os nomes das ruas quando a gente anda numa porcaria dum ônibus com ele, e minhas tias- tenho umas 50 tias- e todos os nojentos dos meus primos. A tropa toda ia estar lá. Estavam todos quando o Allie [irmão de Caulfield] morreu. Me deu uma pena danada de meu pai e de minha mãe. Só tinha uma coisa boa, era saber que ela não ia deixar a Phoebe assistir a droga do meu enterro porque é muito criança.
Ai pensei na cambada toda me metendo numa droga de cemitério, com meu nome num túmulo e tudo. Cercado de gente morta. Puxa, depois que a gente morre eles fazem o diabo com a gente.
Quando faz bom tempo, meus pais vão ao cemitério e espetam um punhado de flores no túmulo do Allie. (...) não é tão ruim quando faz sol, mas duas vezes quando estávamos lá dentro começou a chover. Foi horroroso. Choveu na porcaria do túmulo dele, e choveu na grama em cima da barriga dele. Chovia por todo lado. O pessoal todo que estava de visita saiu correndo para os carros. Foi isso que me deixou doido. Todo mundo podia correr pra dentro dos carros, ligar o rádio e tudo e ir jantar num lugar bacana- todo mundo menos o Allie".

"- Papai vai te matar. Vai te matar.

- Você sabe o que eu queria ser?- perguntei a ela- Se pudesse fazer a merda da escolha?-
- O que? Pára de dizer nome feio.- Sabe aquela cantiga "Se alguém agarra alguém atravesando o campo de centeio? Eu queri...
-A cantiga é " Se alguém encontra alguém atravessando o campo de centeio". É dum poema de Robert Burns.
- Pensei que era " Se alguém agarra alguém"- falei. Seja lá como for, fico imaginado uma porção de garotinhos brincando de alguma coisa num baita campo de centeio e tudo. Milhares de garotinhos, e ninguém por perto. E eu fico na beirada de um precipício maluco. Sabe o que eu tenho que fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair no abismo.
Quer dizer, se um deles começar a correr sem olhar onde está indo, eu tenho aparecer de algum canto e agarrar o garoto. Só isso que eu ia fazer o dia todo. Ia ser só o apanhador no campo de centeio e tudo. Sei que é maluquice, mas é a única coisa que eu queria fazer. Sei que é maluquice."

10 de dezembro de 2009

O Jack da vila cruzeiro

Mesmo descrente, o Jakcson resolveu ir até o terreiro. Foi de ônibus, logo que chegou do serviço, às sete e meia. Foram dois coletivos, quarenta cinco minutos de trajeto, mais sete quarteirões, do ponto onde desceu até a casinha amarela de tinta descascada. A casinha antiga, com velas brancas e azuis, depositadas à beira da soleira. A casinha de canteiros de barro na frente, lotados de flores pequenas, brancas e tão perfumadas quanto uma primavera inteira. Quando chegou, a celebração já havia começado. Os tambores soavam, e o piso, forrado de pétalas de rosa, até tremia um pouco. Deixou os sapatos ao lado da porta, junto das outras dezenas de pares, e entrou devagarzinho. O lugar era bem modesto, de chão batido, teto alto e todo de madeira, com as vigas aparecendo. Atrás de uma nevoa cheirosa de incenso, mulheres e homens dançavam em uma roda. De olhos fechados, cantavam letras firmes para Orixás que ele não conhecia. Pediam a presença de forças da natureza. Ao seu lado, as pessoas cantavam juntas, e acompanhavam a música batendo palmas com vigor e alegria. Tinha muitas crianças lá. E muita paz também.
Dois anos se passaram, desde aquela sexta. Hoje é segunda, é de madrugada, e o Jackson já saiu. Pegou a guia de contas azuis, trançou-a entre o tórax e o pescoço, e foi trabalhar.

7 de dezembro de 2009

O caso dos dez negrinhos



Dez negrinhos vão jantar enquanto não chove;
Um deles se engasgou, e então ficaram nove.
Nove negrinhos sem dormir: não é biscoito!
Um deles cai no sono, e então ficaram oito.
Oito negrinhos vão a Devon em charrete;
Um não quis mais voltar, então ficaram sete.
Sete negrinhos vão rachar lenha, mas eis
Que um deles se corta, e então ficaram seis.
Seis negrinhos de uma colméia fazem brinco;
A um pica uma abelha e então ficaram cinco.
Cinco negrinhos no foro, a tomar os ares;
Um ali foi julgado então ficam dois pares.
Quatro negrinhos no mar; a um tragou de vez
O arenque defumado, e então ficaram três.
Três negrinhos passeando no Zoo. E depois?
O urso abraçou um, e então ficaram dois.
Dois negrinhos brincando ao sol, sem medo algum;
Um deles se queimou, e então ficou só um.
Um negrinho aqui está a sós, apenas um;
Ele então se enforcou, e não ficou nenhum..."

4 de dezembro de 2009

不應該存在


人類思想頹廢
淘氣,環境,經驗

人的心靈徒勞
無用的,沒有結果

人的心靈聯邦快遞
聯邦快遞羞恥,臭味,也沒有出路

人的大腦是一個點
從開始到結束
然後,他讓一個傻瓜
什麼無處可去

沒有心
它可能是這樣,所以地拉那
什麼不能這樣生活,所以沒有錢

有什麼不希望的嗎?
心?在混雜?

Obs. Um tanto pessoal para nossa lingua =)
Obs².Chinês (tradicional)

3 de dezembro de 2009

My Queen


Nessa tarde
Ela não me parecia nem um pouco distante
A cada abraço, sentia ela mais perto de mim
A cada beijo, sentia seu suar em minha alma
Como se fossemos apenas nós
No meio da multidão
Não me recordo do rosto deles
Tinham expressões cada vez mais vazias
Imaginei-me tão vazia quanto eles
Mas quando olhava nos olhos da amada
Isso mudava...
Tudo mudava...  Girava
Nada mais me vinha na mente
Por segundos conseguia não pensar em nada
Pouco pensei... Nada pensei...
Só olhava em seus olhos fundos e semi- abertos
Poderia passar anos naquele momento
Com ela...
Só com ela...
Vivenciando aquele sentimento puro
Que há tempos não sentia
E agora, só penso nela
Nos seus beijos...
Nos seus abraços e caricias...
Seu semblante exalava desejos
Todos os desejos...