19 de junho de 2010

Diário de um dia triste





Queria falar com alguém, não sei se essa vontade surgiu por conta do silêncio que habita nesse lugar, talvez seja por isso mesmo. Pensei em descer as escadas e conversar um pouco com os vizinhos, entretanto, lembrei que passei  14 anos sem trocar olhares com nenhum deles, não faz sentido. Pareceria despresível demais.
Mas para dizer a verdade, não é isso que eu queria realmente.
Ele olhou para mim com aquele semblante matinal e perguntou se estava tudo bem, então eu disse que sim, de cabeça baixa sem parar de ler. Sem desistir do interrogatório de três palavras ele perguntou por que minha voz estava tão baixa e meus olhos quase fechados, quando eu fui dizer que estou com dificuldade para enchergar, as palavras soaram para dentro como se fosse um suspiro, DI-FI-CUL-DA-DE foi como pronunciar PA-RA-LE-LE-PI-DAN-DO-OS-SEN-TI-DOS, não sei se é assim que escreve.
Mas não ligo.
Às vezes eu chego a pensar que escrever é a mesma coisa que falar com o vento, o bom é que ninguém pergunta por que estou falando sozinha.

Nenhum comentário: