Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo.
16 de setembro de 2009
The BigBrother
"Não é fazendo ouvir a nossa voz, mas permanecendo são de mente que preservamos a herança humana." John George Orwell.
Em seu famoso livro 1984, George Orwell descreveu em que se transformaram as nações socialistas. Escreveu o excelente livro ainda na década de 1940, e já tinha os exemplos nazista e bolchevique para sua análise dos resultados práticos do socialismo. Mas ainda assim foi de uma clarividência incrível ao mostrar como funciona a mentalidade do socialista, e quais as conseqüências disso. Lembremos também que a propaganda de Stálin e sua “cortina de ferro” não deixavam transparecer ao mundo as atrocidades cometidas em casa. O “profeta” Orwell merece respeito por sua acurácia!
Orwell define que a nova aristocracia que tomaria o poder pelo socialismo seria composta, na sua maioria, de burocratas, cientistas, técnicos, organizadores sindicais, peritos em publicidade, sociólogos, professores, jornalistas e políticos profissionais. Esta gente, cuja origem estava na classe média assalariada e nos escalões superiores da classe operária, fora moldada pelo mundo do governo centralizado, onde a liberdade individual precisa ser combatida. Como o próprio autor diz, “comparada com os seus antecessores, era menos avarenta, menos tentada pelo luxo, mais faminta de poder puro e, acima de tudo, mais consciente do que fazia e mais decidida a esmagar a oposição”. A oligarquia procura o poder pelo poder, sem interesse real no bem-estar alheio. Não é a ditadura um meio para a “revolução”, mas sim a revolução um meio para se chegar à ditadura! São algumas características inerentes dos ícones do socialismo.
A manipulação da mente é um dos principais mecanismos da manutenção do poder. O advento da televisão tornou ainda mais fácil manipular a opinião pública, e pela primeira vez existia a possibilidade de fazer impor não apenas completa obediência à vontade do Estado, como também completa uniformidade de opinião em todos os súditos. A única base segura da oligarquia é o coletivismo, já que a riqueza e o privilégio são mais fáceis de defender quando possuídos em conjunto. Por isso a chamada “abolição da propriedade privada” sempre é defendida pelos socialistas, e acaba sendo, na verdade, a concentração da propriedade em um número bem menor de mãos, as dos donos do poder. Para isso, abusam da distorção lingüística, com termos abstratos como “justiça social”, “direito à cidadania”, “controle participativo da sociedade” etc. Pura retórica coletivista para a tomada de poder da nomenklatura.
No livro, Orwell diz que há quatro modos de um grupo governante abandonar o poder, podendo ser vencido de fora, permitindo o aparecimento de um grupo médio forte e descontente, perdendo a confiança em si e disposição de governar ou pela revolta das massas. Mas estas quase nunca se revoltam espontaneamente, e se não lhes for permitido um padrão de comparação, nem ao menos se darão conta de que são oprimidas. A classe média representa um perigo maior, e por isso é sempre o alvo principal dos governantes socialistas. Os impostos escorchantes já encomendaram sua extinção! A ameaça externa é muitas vezes usada como pretexto para aumento do controle interno, assim como fortalecimento do aparato militar do partido. Hugo Chávez que o diga!
O ódio é sempre fomentado, e quando não há inimigos reais, cria-se. Espera-se que o membro do partido viva num frenesi contínuo de ódio aos “inimigos” estrangeiros e aos “traidores” internos, desviando suas emoções para tais coisas. O “neoliberalismo”, o “império ianque”, o FMI, Bush, são todos os bodes expiatórios usados para despertar esse ódio instintivo. Não pode haver lugar para a razão, para uma busca imparcial de fatos. O domínio do sentimento sobre o cérebro deve ser total. O grande inimigo real do partido é o “pensamento independente”. Ele precisa ser abolido!
Um dos meios de controle mais interessantes, e bastante abordado por Orwell, é a manipulação da mente. O autor criou, em sua Novilíngua, o termo “duplipensar”, que representa a capacidade de guardar simultaneamente na cabeça duas crenças contraditórias e aceitá-las ambas. A estupidez não basta. Pelo contrário, é exigido sobre o processo mental do indivíduo controle tão completo quanto o de um contorcionista sobre seu corpo. O Grande Irmão é onipotente e o partido é infalível. Para isso, deve haver uma incansável flexibilidade na interpretação dos fatos. O relativismo deve ser constante, sempre interpretando fatos sem objetividade, para que a “verdade” esteja eternamente com o partido. O passado deve ser alterado, e realmente vemos como os socialistas costumam reescrever a História com freqüência.
O membro do partido consegue dizer mentiras deliberadas e nelas acreditar piamente. Como descreveu Orwell, “esse particularíssimo amálgama de opostos: sabedoria e ignorância, cinismo e fanatismo, é um dos sinais que distinguem a sociedade (socialista)”. Vamos verificando essas características em todos os países ou partidos socialistas. Ora a “soberania nacional” diz que uma nação democrática não pode criticar outra sem liberdade, como quando Lula defendeu a Venezuela e Cuba das acusações americanas, ora a mesma “soberania nacional” é ignorada quando uma nação autoritária invade outra livre, como China no Tibete ou a ajuda venezuelana na revolução da Nicarágua. São eternos dois pesos, e duas medidas.
Todo partido socialista mantém alguns ou vários desses ensinamentos e características. O que interessa é o poder! Para isso, abusam do relativismo, mantêm sempre idéias contraditórias na mente, gastam bilhões em propaganda e lavagem cerebral, apelam para o culto à personalidade, escancaram no uso da novilíngua, com excesso de termos vagos e maleáveis, dependendo do que se queira defender no momento, e criam constantemente bodes expiatórios externos. O discurso é sempre coletivista, tentando aniquilar com o indivíduo perante a “sociedade”, o “interesse nacional” ou o “bem geral”. Desqualificam oponentes com rótulos, agressões pessoais constantes e apelo numérico, como se fosse o número de adeptos que definisse a lógica do argumento. O Estado é visto como um deus, mesmo que suprima a liberdade dos cidadãos nos mínimos detalhes. Detestam a liberdade de escolha. Todos devem obediência e amor ao “iluminado” Grande Irmão!
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