O filme The Day After (EUA 1983) foi uma das coisas mais assustadoras que já assistí ,aos onze anos, no Supercine da Globo, a história de um ataque nuclear da extinta URSS aos Estados Unidos recheada de cenas impactantes como a primeira explosão ,acompanhada pelo indefectível cogumelo , pessoas desintregando-se como se fossem feitas de paçoquinha,o vento atômico derrubando prédios imensos, como se as cidades fossem construídas de cartas de baralho. Depois o silêncio sepulcral que precede o inverno nuclear, a partir daí a narrativa foca-se em uma família ,sua luta para continuar sobrevivendo sem enloquecer após cinco anos confinada em um porão,comida e água racionadas, seus dramas internos.
Durante muito tempo eu e as outras crianças da rua brincamos com um olho no céu, temendo avistar o sinistro cogumelo,foi a época da Guerra Fria, da polarização direita X esquerda,primeiro,segundo e terceiro mundo,ou você estava com o Tio Sam ou pertencia ao Eixo do Mal.
Como todos sabem, a partir de 1989, o Muro de Berlim cai e a Cortina de Ferro começa a ruir,a URSS esfacelou-se em inumeras republicas ,mas a Russia continuou firme e forte, a Guerra Fria acabou, já que um dos inimigos fora abatido. Tudo isto não quis dizer um mundo melhor ou pelo menos ,mais seguro, exatamente, guerras civis no Leste Europeu , Ásia e África foram a tônica dos anos 90.
O tempo passa, o tempo voa, diz o jingle de algum produto, de alguma companhia, que não consigo lembra-me,mas certas coisas mudam pouco ou nada, o que importa é que passados quase 20 anos do suposto fim da Guerra Fria, a distinção entre mocinhos e bandidos diluiu-se de forma irreversível.
O alvo? Somos todos nós, Isoneide,sim, eu,você e a velha chata do 301 inclusas,juntinho do Seu Joaquim da Padaria, as ameaça agora vem de vários pontos, e,para mal de todos os pecados, ficou muito maís fácil para terroristas conseguir armamento atômico no mercado negro, 11 de setembro foi só uma amostrinha do que pode estar por vir. Contudo ,o perigo mais concreto vem de países como Paquistão, Irã e a Coréia do Norte, que anda fazendo das duas, em um jogo de provocações aos EUA e a seus vizinhos, e este país,governado por um ditador maluco tem como aliados Índia (esta uma potência nuclear),só gente com grande tradição de consciência cívica e respeito aos direitos humanos e à vida…
E os EUA nessa? Bom, a “polícia do mundo’ está falida e diplomaticamente queimada após as mancadas da era Bush,aliás, tal imbroglio tem como uma das raízes a prepotência do império no trato com o “resto do mundo” e suas intervenções militares servindo unicamente às suas conveniências e de alguns de seus aliados,mas isto não explica tudo.
Ah e eu nem falei ainda das armas biológicas e químicas, um risco muito maior do que as nucleares,proibidas pelo Protocolo de Genebra, ainda assim, muitos países não são signatários e não pretendem ingressar no clube tão cedo,e justamente aí,o terrorismo se torna um inimigo dos mais temíveis ,é muito mais fácil a modificação genética de cepas de ,por,exemplo, vírus como o da varíola e do ebola,do que projetar uma ogiva,mais fácil ainda é disseminar a praga em um mundo onde nunca as pessoas se moveram tão longe e tão rápido. Até que seja percebido o ataque, uma pandemia já dizimou milhões.
Será que a nossa querida humanidade precisará mesmo passar por tais horrores? Não chega tudo o que já aconteceu? É necessária uma hecatombe para que, talvez,apenas talvez, os sobreviventes tirem alguma lição? E as outras espécies deste planeta,como é que fica?
*O Grito 1893- Edward Munch
Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo.
6 de setembro de 2009
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