5 de julho de 2009

Construção de uma Catedral Gótica

A catedral era, seguindo uma visão hierárquica das igrejas, meramente uma moradia para bispos e sua assembléia religiosa. Porém, com o clima de grande disputa no início do período gótico, essas catedrais assumiram grandes proporções se tornando verdadeiros monumentos.
A construção de uma catedral gótica formigava com dúzias de trabalhadores dispostos em times de trabalho e que recebiam por aquilo que faziam.
Cada construção era supervisionada por um mestre construtor e por volta de 30 artesãos especialistas. Esses especialistas e alguns de seus mais habilidosos trabalhadores moviam-se de função em função aplicando lições aprendidas e passadas de um a um.
O mestre construtor atuava como um projetista, um artista e ainda como um artesão. Com o auxílio de réguas, compassos, esquadros e outras poucas ferramentas geométricas, ele fazia as plantas da catedral.


A planta básica da catedral gótica pouco diferia das encontradas em catedrais de períodos anteriores. Sob a forma de uma cruz, a catedral se dividia basicamente em: nave, transeptos, e coro. Na parte inferior da cruz se situava a nave central circundada por naves laterais; na faixa horizontal existiam os transeptos e o cruzeiro, e na base da nave tinha-se a fachada principal; existiam ainda torres, porém de localização variada.

Legenda:

1. Capela Radial
2. Deambulatório
3. Altar
4. Coro
5. Corredores laterais do coro
6. Cruzeiro
7. Transepto
8. Contraforte
9. Nave
10. Nave lateral
11. Fachada, portal.



A fundação das catedrais tinha por volta de 9 metros de profundidade e era formada por camadas de pedras (blocos de calcário) assentadas com argamassa cuidadosamente dosada de areia, cal e água sobre a terra argilosa no fundo da escavação.





Devido ao custo, os andaimes eram mínimos, assim os trabalhadores confiavam sua alma a Deus e andavam sobre flexíveis plataformas. Um perigoso momento para os trabalhadores ocorria quando as paredes atingiam suas alturas finais e os troncos de madeira para o telhado deviam ser elevados a essas alturas.




O telhado era colocado antes da construção das abóbadas. Auto-portantes, os telhados serviam de plataforma para a subida do maquinário empregado na construção das abóbadas de pedra.


Assim, com o telhado pronto, podia-se iniciar a construção das abóbadas.
Uma a uma, as pedras talhadas das nervuras eram colocadas sobre os cimbres de madeira e firmadas pelos pedreiros.
Entre os cimbres eram instaladas tábuas de madeira, as quais funcionavam como base para o assentamento das pedras durante a secagem da argamassa.
Após a secagem da argamassa, aplicava-se sobre as pedras uma camada de dez centímetros de concreto (buscando evitar fissuras entre as pedras).


Estando o concreto seco, as tábuas eram retiradas, seguidas pelos cimbres, finalizando-se a abóbada.




Também no "canteiro" da catedral estavam presentes os artesãos especialistas em fazer e juntar pedaços de coloridos e brilhantes vidros para completar os buracos deixados entre as pedras e formar enormes e belos vitrais. Várias cores eram obtidas unindo óxidos de metais e vidro fundido. O vidro era soprado e trabalhado em forma de cilindro e, após resfriado, cortado, com a ajuda de um instrumento a base de ferro quente, em pequenos pedaços, geralmente menores que a própria palma da mão.




Desta forma, a permanência intacta da maioria das catedrais góticas, sua beleza e grandiosidade atestam o desenvolvido conhecimento de princípios estruturais detidos pelos mestres construtores e, além disso, mostram uma capacidade maior dos mesmos: o ilusionismo, pois até os dias de hoje parecem construções realizadas em outro mundo.

Nenhum comentário: