Como de costume, ao chegar em casa deixava suas coisas no sofá e ia a procura do beijo que dividia completamente um dia de trabalho e a vivência de um sonho. Caminhou lentamente em direção a cozinha, onde ela (seu amor) sempre estava a esperando preparando o jantar, ao passar em frente do telefone percebeu que a luz que indicava a presença de uma nova mensagem estava acesa então parou para escutar.
“Beep, você tem uma nova mensagem: Oi amor, preciso te dizer algumas coisas, coisas que estão presas em minha garganta como choro importuno querendo sair, á aproximadamente um mês deixo lágrimas silenciosas caírem ao ver você dormir ao meu lado, caírem por ter deixado mais um dia ter passado sem ter coragem de dizer o que sinto.” (um forte suspiro e um profundo silêncio marcaram alguns segundos antes que ela continuasse a falar). “Como eu fui, sou, covarde, depois de todo esse tempo, não tenho a coragem nem o respeito de olhar dentro dos seus olhos e dizer que não quero mais. É minha pequena, não quero mais. Não quero mais a vida que a gente leva, sei que para você é perfeito cada detalhe, mas não para mim amor, eu só vejo detalhes errôneos para consertar. Além de você eu tinha outros sonhos e o tempo ta passando, vejo o dia escurecendo para mim e eu não quero deixar nada para trás, ainda que eu esteja deixando você. Precisei escolher minhas prioridades e você apareceu como primeira da lista, mas é agora a hora de seguir com o resto, e não dá amor para conciliar, não posso te pedir que desista dos seus sonhos para me ajudar a conquistar os meus. Eu te amo, mas contradizendo todos os poetas e seus amores imaginários perfeitos, o amor não é tudo, não é suficiente para manter um sorriso constante dentro de mim, preciso de algo mais, preciso de algo que só vou descobrir o que é quando eu estiver sozinha, porque a solidão é única que vai me dar respostas.” (outro suspiro, agora cansado, triste e aliviado marca outra pausa no desabafo, o silêncio tinha sido substituído por soluços calmos de lágrimas que não se viam, mas se escutavam claramente). “Desculpa, desculpa amor, mas a minha decisão já está tomada e ainda que eu, algum dia, possa te deixar outra mensagem pedindo pra voltar, essa noite a gente vai ter que dormir sozinha. Sinto muito amor por estar desistindo, por estar destruindo tudo o que a gente construiu, sinto muito meu amor, mas o beijo que você procurava você não vai encontrar. Desculpa amor, mas eu tenho que ir. Por favor, guarde de mim somente as coisas boas, nossas lembranças mais felizes, apague essa mensagem ao terminar, chore o que tiver que chorar, mas lembre sempre de mim amor, como a pessoa que te amou e que sempre vai amar. Eu estou indo seguindo meu instinto, mas toda minha razão e meus sentimentos seguirão ai guardados nessa casa dentro das gavetas e caixas. To indo amor e agora o único lugar onde você poderá me encontrar será dentro de ti. Te amo minha pequena. Adeus!”
Ao acabar a mensagem a cena daquela sala era completamente diferente de quando tinha começado, estava sentada no chão como quem tinha desabado junto com todo o seu mundo, suas lágrimas eram silenciosas, mas desesperadas. Escutou todas as palavras sem querer acreditar em nenhuma. De acordo o choro se intensificava, as forças se tornavam escassas. Deitou no tapete feito moribundo em sua própria casa, queria acreditar, mas não podia, queria alguém para abraçar, mas ela tinha ido. Precisava do seu tempo para assimilar, para deixar de acreditar nos poetas e seus romances. Precisava do seu tempo para depois levantar e tentar seguir em frente. Precisava do seu tempo para perceber que sempre que a gente muda a gente deixa algo para trás e que dessa vez tinha sido ela quem tinha ficado. Precisava de um tempo que, naquele momento, parecia que ia durar para sempre.
Um comentário:
Puta que pariu meu! Do carlho! (DEsculpa o palavriado, mas muito bom!
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