Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo.
5 de julho de 2009
Catedral de Beauvais
Localizada a 60 km ao norte de Paris, a Catedral de Beauvais, também conhecida como a Catedral Inacabada, se destaca pela sua grandiosidade, mesmo tendo apenas o coro e dois transeptos construídos.
Destruída pelo fogo em 1180 e 1225, a Catedral, antes no estilo românico, teve sua reconstrução iniciada em 1225. O primeiro mestre construtor tabalhou na catedral por 20 anos e nesse período, além de construir sólidas fundações para a catedral e erguer as paredes do deambulatório até o nível das naves internas, utilizou seu grande conhecimento de engenharia e de arte projetando a catedral com uma maior luminosidade devido ao incremento de distância entre pilares (chegando a 8.22 m longitudinalmente) e elevando a altura de suas abóbadas a 48 m, permitindo assim maior entrada de luminosidade na nave através de seus clerestórios iluminados (um desafio para a época, pois as paredes do clerestório foram substituídas por vitrais, estes sem resistência alguma). Depois do trabalho de 5 anos do segundo mestre construtor (também desconhecido), a construção foi assumida por um terceiro mestre, o qual terminou a construção do coro e do deambulatório em 1272.
Porém, sem qualquer aviso prévio, em 1284 ocorreu a queda das abóbadas do coro, destruindo parcialmente a catedral e, junto com as abóbadas, caíram por terra as aspirações ao gigantismo da arquitetura gótica.
A causa da queda da estrutura é desconhecida até os dias de hoje, porém existem algumas hipóteses, dentre elas: a má qualidade da alvenaria do terceiro mestre construtor ou, como sugeriu Robert Mark, a ação do vento na lateral da estrutura da igreja causando sobrecarga e assim o colapso da estrutura. A reconstrução do coro, no estilo gótico e considerado modelo de perfeição com vitrais de 18 m de altura, se deu entre 1322 e 1337, justamente quando o quarto mestre construtor (também desconhecido), atribuindo à elevada distância entre os pilares a queda da estrutura, decidiu construir pilares intermediários entre os pilares da nave (pilares com hachura cheia no esquema ao lado). Apesar de muitas críticas, a colocação desses pilares não interferiu na beleza interna da catedral, porém, estruturalmente transformou as abóbadas do coro, antes quadripartidas, em hexapartidas (vide figura) fazendo com que fossem necessários novos pilares externos, entre os arcobotantes.
A Guerra dos 100 anos e a ocupação inglesa interromperam o trabalho por 150 anos. Após esse período, em 1500, Martin Cambiges, o quinto mestre construtor, deu início à construção dos transeptos, os quais foram acabados em 1532, já sob comando do sexto mestre construtor, Jean Vast. Com a catedral ainda inacabada, já que a nave ainda não havia sido construída, decidiu-se construir uma torre no cruzeiro. Após muita discussão sobre se a torre seria de madeira ou de pedra, em 1558 optou-se pela construção de uma torre de pedra, a qual foi iniciada em 1564 e terminada em 1569, atingindo uma altura de aproximadamente 151 m. Dois anos depois, os pilares centrais do cruzeiro que suportavam os esforços da torre demonstravam sinais de desgaste devido à sobrecarga. Estes pilares começaram a pender no sentido da nave, que, por ainda não estar construída, não fornecia apoio para a torre neste lado (vide figura). Foi então sugerida a imediata construção da nave buscando gerar esse apoio. A construção da nave teve seu início em 17 de abril de 1573; treze dias depois, a torre veio abaixo. Felizmente, neste momento os fiéis estavam em uma procissão fora da catedral, e, milagrosamente, nenhum perdeu a vida no acidente.
Desafiando, aparentemente, as leis da gravidade, a catedral apresenta, assim como as demais catedrais góticas um complexo esquema estrutural baseado em abóbadas de arcos pontiagudos e arcobotantes. Estes elementos estruturais possibilitaram que as paredes laterais da nave fossem mais altas e esbeltas, já que transferiam os esforços horizontais gerados pelo telhado, abóbadas e vento para contrafortes na periferia da igreja.
A torre nunca mais foi reconstruída e, em 1605, decidiu-se deixar a construção inacabada por uma série de motivos, entre eles: já haviam gastado todo o orçamento da construção e o estilo gótico já tinha perdido seu espaço, visto que já se estava então em pleno Renascimento, com a construção das igrejas sendo feita em outro estilo.
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2 comentários:
Oiii!
Aaah magina, muito obrigada! Vim retribuir a visita! x)
Seu Blog também é liiindo!
Se não for incomodo, posso add você nos meus "Blogs Favoritos"?! Adoraria! x)
QUe interessante, você é de Guarulhos, eu conheço, minha vó morou um grande tempo aí! ^^~
Beeeijo, se cuida tá... até mais! x)
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